segunda-feira, 24 de outubro de 2011

"Noites de insônia: cartas de uma antropóloga a um jovem pesquisador"

Editora Record

Meu primeiro contato com a obra de Mirian Goldenberg foi através deste livrinho que traz em seu título uma palavra que despertou, imediatamente, meu interesse por lê-lo: insônia. A noite é um período de produção para muitos que, aproveitando a quietude da madrugada, leem, escrevem, estudam e têm ideias criativas para serem postas em prática.

As cartas da antropóloga aos jovens pesquisadores são frutos de insônias produtivas e, aparentemente, sem sofrimentos pelas quais a autora também passa. A obra é dividida em quatro partes, redigida em linguagem acessível para qualquer pessoa que tenha interesse pela antropologia. É daqueles livros que seduzem pela distância mantida da linguagem, muitas vezes pedante, da comunidade acadêmica e isso nos faz tomar gosto pelo estudo da antropologia.

Não faltam ingredientes para essa vontade de estudar mais: citações que se encaixam perfeitamente ao tom do discurso do texto, referências bibliográficas ao longo de todo o texto e comentários sobre a própria produção bibliográfica desta doutora em Antropologia Social que do alto de sua titulação não se esquece de seu título primordial: o de professora. 

Das quatro partes do livro, merece especial atenção a que dá nome ao livro. A "Carta a um jovem pesquisador" segue o protocolo estrutural do gênero e além disso, usa um discurso fraterno, que seduz os novos pesquisadores. Posso assegurar que Noites de insônia é um daqueles livros que, em sua simplicidade, podem despertar um incrível ânimo nos docentes, apesar dos pesares. Leiam! 



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Título: Noites de insônia: cartas de uma antropóloga a um jovem pesquisador
Autora: Mirian Goldenberg
Editora: Record (2008)

sábado, 15 de outubro de 2011

"Terapia do professor"

Editora Paulus

Nas faculdades de Letras, é muito comum sermos contagiados pelo preconceito e pela completa aversão aos livros de auto-ajuda. Creio que isso se dá pela fórmula desses livros de escrita mais simples e pela pouca exigência de repertório de leitura, afinal o único objetivo desses livros é ajudar.

Eu gosto de ler... de tudo! O que mais me intriga na auto-ajuda é perceber a simplicidade da sua linguagem que faz com que muitos que não eram muito dados aos livros passem a ler. Uma série que sempre me agradou, desde a infância, se chama Terapia, que abarca diversos títulos, tais como Terapia do professor, Terapia da amizade, Terapia da serenidade entre muitos outros.

Terapia do professor é composto por ilustrações muito simples e 38 frases que têm como objetivo dar mais ânimo àqueles que se dedicam ao exercício do magistério apesar de todas as adversidades. É uma leitura rapidíssima que pode fazer toda a diferença num cotidiano tão desgastante quanto o de um professor.

Além disso, o preço é acessível: paguei R$ 6,00 pelo meu livrinho de bolso e considero esse livro um carinho que faço a mim mesma por meio das palavras. Confiram!

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Título: Terapia do professor
Autora: Karen Katafiasz
Ilustrações: R.W. Alley
Editora: Paulus (2006)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

"Mania de explicação"

Editora Salamandra

Mania de explicação é um livro que encanta crianças e adulto pela sua simplicidade. O livro já nos encanta desde a sua capa com as diversas facetas de uma menina que tem mania de inventar explicações para tudo como forma de tornar a vida mais simples.

As explicações encontradas pelas meninas são cheias de subjetividade e lirismo. Gosto desse livro por ele comprovar que a literatura infanto-juvenil precisa ter qualidade e por mostrar a beleza da simplicidade.

Outro elemento significativo para a qualidade da obra são as ilustrações de Mariana Massarani, as quais mostram a nossa protagonista em diversos contextos que traduzem o texto escrito de Adriana Falcão.


E como hoje é dia das crianças, presenteio nossos pequenos leitores (e os grandes também, claro!), com duas partes do livro que encontrei navegando pela internet (imaginei alguém navegando mesmo!). Divirtam-se!


Indecisão

 
Amizade


E para finalizar, fica uma dica importante: façam de suas crianças novos leitores. Não jogue essa responsabilidade para escola! Seja exemplo: desperte a curiosidade por meio de gibis, livros, leve suas crianças para livrarias e bibliotecas, mas principalmente, leia mais, leia com ela, leia para ela, para que você seja um exemplo positivo de incentivo à leitura.


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Título: Mania de explicação
Autor: Adriana Falcão
Ilustrações: Mariana Massarani
Editora: Salamandra (2001)

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

"O que é comunicação"

Editora Brasiliense

O que é comunicação é um dos inúmeros títulos da coleção Primeiros Passos, da editora Brasiliense. Gosto muito dessa coleção fazer com que temas, cujas discussões às vezes ficam restritas aos nichos acadêmicos, como tecnologia, literatura, turismo, política, família, fiquem acessíveis a diferentes públicos.

A abordagem de Juan Bordenave é sedutora, pois nos leva a várias reflexões sobre o processo de comunicação: somos levados a pensar na palavra comunicação isoladamente, sobre o ato de comunicar, os ambientes sociais do desenvolvimento da comunicação, a indústria da comunicação e a forma como as sociedades usam a comunicação.

Com exemplos simples, o autor amplia a nossa visão sobre a comunicação, ajudando-nos a ler o processo de forma mais crítica. Uma das partes que mais me chamou a atenção foi o tratamento dado à linguagem e assumir a função política da mesma (função negada por alguns!). 

O objetivo primordial da linguagem é possibilitar a comunicação e todos devemos estar sempre atentos a ela. Perceber não só o que foi dito, mas o modo como foi dito é o que diferencia os receptores das mensagens. Esse livro  é um pontapé inicial para quem deseja conhecer um pouco mais o sedutor mundo da comunicação social.


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Título: O que é comunicação
Autor: Juan E. Díaz Bordenave
Editora: Brasiliense (2006)

sábado, 1 de outubro de 2011

"Belém: cidade das mangueiras"


Editora Cortez

Belém: cidade das mangueiras é um livro infanto-juvenil que faz parte da coleção Nossa Capital, da editora Cortez, com texto de Darcy e Ítalo Flexa di Paolo e ilustrações de Mario Barata.

A história e as curiosidades sobre a cidade são contadas pela própria Belém, uma narradora orgulhosa de todas as belezas da capital paraense. 

A chuva, as mangueiras, as frutas, as comidas típicas, o Círio de Nazaré, os balneários mais conhecidos (Icoaraci, Mosqueiro, Outeiro), elementos caracterizadores dessa cidade, são apresentados de forma leve e dinâmica aos pequenos leitores. 

Comprei o livro no stand da Editora (na Feira Pan-Amazônica do Livro) por R$ 15,90, mas na loja virtual da editora Cortez você pode encontrar a coleção completa por preços de R$ 19,80 a R$ 17,60. Vale a pena conferir.

** Texto publicado originalmente no blog Olhando Belém...

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Título: Belém: cidade das mangueiras
Autores: Darcy e Ítalo Flexa Di Paolo
Ilustrações: Mario Barata
Editora: Cortez (2008)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

"Meu pequeno Botafoguense"


Editora Belas Letras

Não é só em adultos que o futebol e os livros exercem fascínio: as crianças são também grandes leitoras e torcedoras. Pensando nisso, algumas editoras como a Belas Letras, lançam coleções que contemplam esse público.

Meu pequeno Botafoguense é um livro que faz parte da coleção Meu time do Coração, da editora Belas Letras. Essa coleção também tem títulos referentes a equipes como Cruzeiro, Internacional, Corinthians, Palmeiras, Fluminense, somando um total de 15 livros.

Para contar a história do Botafogo de Futebol e Regatas, o ator e redator Hélio de La Peña apresenta-nos a história de Jair, um pequeno botafoguense encantado pela Estrela Solitária. Tudo em sua vida conta com a presença do Botafogo: desde o próprio nome (escolhido por causa do Furacão da Copa de 70, Jairzinho) até cada detalhe de seu cotidiano, ilustrado por Aroeira.

É interessante ver como Jair carrega, desde pequeno, as principais características dos botafoguenses - a superstição, a curiosidade pela história do clube, o respeito aos ídolos do passado e a paixão incondicional por esta "predestinação celestial" que é o Botafogo, como dizia Armando Nogueira.

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Título: Meu pequeno Botafoguense
Autor: Helio de La Peña
Ilustrador: Aroeira
Editora: Belas Letras (2010)

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

"Aos meus amigos"

Editora Globo

O interesse em ler este livro surgiu após assistir a série "Queridos amigos" exibida pela tevê globo em 2008. Desfiz-me da vontade de fazer comparações e li o livro de coração aberto, sem o desafio da busca pelos "erros" que a série da tevê pudesse ter cometido: o que fez Denise Saraceni foi dar uma nova leitura ao texto de Maria Adelaide Amaral.

Mas vamos ao livro. Bia, Pedro, Lena, Tito, Vânia, Benny, Raquel, Pingo, Rui, Adonis (e outros personagens que surgem ao longo da trama) voltam a se encontrar para o velório e cremação de Leo, que também fazia parte da turma. A morte passa a ser o elemento que reunirá os amigos novamente, uns ainda próximos e outros completamente distanciados da realidade que um dia os uniu.

Nesse reencontro, cujo objetivo é manter viva a memória de Leo, tem início uma busca por manuscritos de um livro deixado pelo morto e, enquanto procuram, revivem memórias antigas e muito marcantes na vida de cada um.

A leitura é válida também para que tenhamos outro ponto de vista sobre a ditadura militar do Brasil e o começo da redemocratização do país. Ver a crise interna de cada personagem nos mostra o tamanho do desapontamento daqueles que lutaram pela democracia com os rumos que o país e, fundamentalmente, suas vidas estavam tomando.

Aos meus amigos me fez lembrar muitas pessoas que já passaram pela minha vida, pois como disse Vinícius de Moraes, "Mesmo que as pessoas mudem e suas vidas se reorganizem, os amigos devem ser amigos para sempre mesmo que não tenham nada em comum, somente compartilhar as mesmas recordações."

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Título: Aos meus amigos
Autora: Maria Adelaide Amaral
Editora: Globo (2008)

terça-feira, 13 de setembro de 2011

"Time dos sonhos: paixão, poesia e futebol"

As crônicas de Luis Fernando Veríssimo são conhecidas pela leveza e pelo humor, até em momento de tratar de assuntos tão sérios do cotidiano do nosso país. Em Time dos sonhos: paixão, poesia e futebol, ao colocar em palavras a grande paixão da maioria dos brasileiros, ele se superou.

Editora Objetiva
Apaixonados por futebol, como eu, certamente vão ter vontade de ler as crônicas de Veríssimo que fazem parte desse livro. Os que não são fãs do esporte, mas conhecem a escrita do autor, vão ter a curiosidade aguçada na vontade de descobrir a relação entre paixão, poesia e futebol. 

A obra é dividida em quatro partes. "Para que serve o futebol" tenta explicar essa paixão que agita grandes massas, as leva aos estádios e balança os corações. "O time dos sonhos" traz referências a personagens conhecidos dos boleiros, tais como Garrincha, Robinho, Beckham, Ronaldo, Romário e retrata alguns "causos" do mundo da bola. Há um espaço para os momentos inesquecíveis de algumas Copas do Mundo em "Ser Brasil" e "Jogo de cintura" relaciona o esporte a aspectos diversos da nossa cultura.

Time dos sonhos: paixão, poesia e futebol é um livro para ser devorado com a mesma voracidade que as torcidas apaixonadas vão ao estádio: com gana de vencer e sem desperdiçar um momento sequer. Os textos de Luís Fernando Veríssimo são um gol de placa na literatura brasileira, que mostram beleza na simplicidade.

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Título: Time dos sonhos: paixão, poesia e futebol
Autor: Luis Fernando Veríssimo
Editora: Objetiva (2010)

sábado, 10 de setembro de 2011

"Felicidade Clandestina"

Vinte e cinco narrativas curtas, classificadas pela autora como "Isto é apenas", compõem o livro Felicidade Clandestina. Temas como amizade, infância e família fazem parte desse livro e revelam a angústia sempre presente nos textos Clariceanos.

Publicação da editora Rocco

Felicidade Clandestina é um livro que, com certeza, faz parte dos meus favoritos. Tenho com essa obra uma relação curiosa, pois em certos momentos da minha vida, lê-lo é inevitável. Já perdi as contas de quantas vezes me emocionei, chorei e sorri com passagens das histórias que fazem parte dessa obra.

O nome dado a este blog vem da última frase do primeiro conto, "Felicidade Clandestina": "Não era uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante". Não tive coragem de copiar a frase por inteiro, por isso apenas aproveitei a ideia utilizada por Clarice Lispector para caracterizar aquela menina tão feliz por ter o livro, objeto de seu desejo, em suas mãos.

A edição que li (e leio sempre!) é da editora Rocco e traz uma nota prévia de Marlene Gomes Mendes e comentários de Marina Colassanti na orelha. A partir desta que tomamos conhecimento do desinteresse de Clarice pela classificação de textos por gêneros e a referência que faz ao seu fazer literário como "Isto é apenas".

Classificar os textos da escritora tira a grandiosidade literária de autora que é, justamente, não se encaixar em lugar algum: Clarice é única e, a partir de situações banais, nos tira da nossa situação de conforto.

Como não se angustiar com a busca sofrível de uma garota por Reinações de Narizinho? Como não ficar tomada pela curiosidade para saber o futuro de "Uma amizade sincera"? Como não sentir pena de uma criança que tem suas fantasias de carnaval completamente destruídas por adversidades da vida? 

Muitos consideram a literatura de Clarice Lispector difícil, densa, e eis uma boa opção para que você a conheça melhor. Creio que não irá se arrepender.

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Título: Felicidade Clandestina
Autora: Clarice Lispector
Editora: Rocco (1998)